Eu quero compartilhar uma coisa que mudou em mim, na verdade eu já vinha iniciado essa mudança mas estou feliz em ter colocado essa meta em prática.
Estou separando e lavando o lixo reciclável, enterrando o lixo orgânico e está sobrando muito pouco lixo para jogar para a coleta. Eu reduzi em 70% o lixo que descartava. Aí eu fiquei pensando que se todo mundo fizesse isso em Paraty, a gente reduziria muito o volume de lixo a ser coletado...e fortaleceria a cooperativa e investimentos em projetos de reciclagem, que podem gerar lucro a médio prazo e atrair novos investidores para a cidade.
Já tinha tentado separar o lixo no restaurante também, mas difícil contar com a colaboração de todos, mesmo por que não há ainda coleta seletiva organizada na cidade...mas no que depender da minha ajuda, terá!
Eu quero muito fazer parte dessa mudança e motivar os outros donos de restaurante a fazerem também. Tem 72 restaurantes no Centro Histórico e se começarmos por lá, acho que a prefeitura dá conta da coleta, diminuiremos o lixo comum que é jogado em um aterro sanitário e custa bem caro para a prefeitura e ainda serviremos de referência para a população. A minha única preocupação é com a Cooperativa dos Catadores da cidade que não tem uma estrutura muito boa ainda. Mas podemos ajudar eles também, na melhoria de espaço, aquisição de equipamentos e busca de contatos para o destino dos resíduos.
Acredito muito no trabalho conjunto do trade unido ao trabalho da prefeitura. Acho que essa parceria pode trazer muitos benefícios para as cidades. A cobrança é sempre importante, relembrar os políticos sobre o dever deles, mas acho importante também a gente conhecer os limites das administrações e somar para viabilizar as ações.
A gente vive num país que há muitas coisas estruturais a serem feitas e a maior parte dos municípios brasileiros não apresenta um plano de política pública para o manuseio e descarte do lixo produzido. É preciso entender que o lixo não representa uma dicotomia na lista de prioridades como a educação e a saúde, ele faz parte de diferentes setores e sustentabilidade do planeta. É um dever dos políticos e da população buscar soluções e praticar ações sustentáveis.
E isso faz parte de uma formação que vem de base. Em todo o Brasil vivemos a controvérsia, de sermos um dos maiores produtores de alimento do mundo e ao mesmo tempo com maiores índices de pessoas passando fome!
Segundo a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, cada brasileiro joga fora por ano 40k de comida, os alimentos que mais vão para o lixo são arroz, feijão, carne bovina e frango.
Segundo a FAO – que é um braço das Nações Unidas para a alimentação, um terço de toda produção de alimento do mundo vai para o lixo, o que equivale 1 bilhão e 300 mil toneladas de comida por ano, isso seria suficiente para alimentar 2 bilhões de pessoas! Com
base nesses dados dá para estimar que 8,7 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente aqui no Brasil, e o que seria suficiente para acabar com a fome no país.
Segundo a Embrapa 61 por cento dos brasileiros jogam comida fora por que compram demais, não estoca direito ou colocaram comida demais no prato.
Ainda segundo a Embrapa 50 por cento dos alimentos no Brasil são jogados fora antes de chegar as casas das pessoas, por serem considerados feios, pelo formato estranho...acabam indo para o lixão.
E pasmem, 1 bilhão de pessoas no mundo passam fome, ou seja, 1 a cada 8 pessoas!
Alimento e lixo, são o começo e o fim do ciclo da vida. Demorou 49 anos para eu realmente me impor esse desafio e me colocar aqui a disposição de qualquer movimento para mudar a realidade do lixo na minha cidade!
E eu já comecei! Na minha rua todo mundo está separando o lixo. O caminhão da cooperativa passa toda quarta e a gente doou 500 adesivos para eles sinalizarem as casas que estão participando desse movimento.
A ideia é motivar todo mundo a entrar nessa agenda, que é não é nova mas é totalmente comprometida com o século XXI.
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