Tentei falar de arquitetura e acabei caindo de amores em meus devaneios escrevedores! (essa frase acrescentei aqui no começo, após acabar de escrever o texto. No final você entenderá por que).
“Em linguagem construtiva bastante peculiar, um quê de elegância discreta, realça a identidade arquitetônica do casarão onde funciona o Banana da Terra, com seu estilo colonial temperando-se sem excessos a detalhes contemporâneos do décor.”
Essa frase é da jornalista Claudia Ferraz, que morou em Paraty por alguns anos e ainda frequenta a cidade. E eu concordo. O barato do espaço do Banana é justamente a caracterização de ser fincado no Centro Histórico; um casarão clássico da arquitetura colonial, mas com pitadas bem acentuadas de modernidade. Alia-se a isso, a simplicidade e a escolha de materiais que compõe o artesanato e a cultura local, como madeira, palha, cerâmica e tons inspirados na paleta de cores dos quarteirões ao redor.
O casarão do século XVII poderia ser em qualquer lugar entre Minas e Portugal, mas está aqui, a beira mar, sujeito a sobes e desces de marés, que refletem a casa e fazem sua beleza dupla. A casa do Banana é em Paraty.
Dizem que já viram fantasmas por aqui, depois que fechamos a casa. Eu nunca os vi, só senti. Mas são bons fantasmas, de pessoas que não conheci, mas já ouvi falar de suas histórias.
Como o Dadó, antigo morador da casa, de quem o avó do Casé – meu marido – comprou o imóvel. Dizem que ele gostava de uma parati e era comum vê-lo recitando poemas em voz alta na Praça da Matriz.
Perto da adega, na parede onde há obras do artista plástico Fernando Fernandes, ficava o fogão a lenha da casa do Dadó. As vezes solto a imaginação e fico a pensar como seria Paraty na década de 40 e 50.
Não seria mais bela que a cidade hoje, talvez mais esquecida, com cores esmaecidas pelo sol e chuvas...mas com certeza mais silenciosa, mais cheia de si e sintética em sua essência. Queria ter conhecido Paraty assim. Com menos acessos por terra e mais mares a vista.
Mas tanto faz, o que importa é que cá estou agora. E curto esse cenário, essa arquitetura, essa cultura, esse “ser” paratiense. Gosto até do que não gosto por aqui. Paraty faz isso com a gente. Faz a gente ama-la loucamente!
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